AIDS AMEAÇA OS MAIS JOVENS, DIZ MINISTÉRIO DA SAÚDE

Grupo com idade entre 13 e 19 anos está no foco de campanha nacional

'Aos últimos 12 meses, vivo com uma depressão, por ter descoberto que sou soropositivo'. O desabafo vem de um jovem de 22 anos, morador de Mãe do Rio, nordeste paraense. Ele foi contaminado após sair de uma festa com um desconhecido. Por ter ingerido bebida alcoólica, não lembrou de usar o preservativo e, meses depois, descobriu estar com o vírus HIV.

O rapaz de Mãe do Rio é um exemplo dos jovens homossexuais que estão no alvo da campanha atual do Ministério da Saúde (MS), em alusão ao Dia Mundial de Luta contra a Aids, que foca no crescimento de novos casos de Aids nesse grupo social.

Dados recentes apurados pelo Ministério da Saúde indicam que houve um aumento de infectados pelo vírus nessa parcela da juventude, que se encontra na faixa etária dos 15 aos 24 anos. Um relatório do MS aponta que, em 2002, eles não chegavam a 40% dos infectados. Atualmente, eles ultrapassam os 50% dos casos. 

Foi aos 17 anos que o jovem de Mãe do Rio assumiu ser homossexual. Desde então, garante ele, fazia o so da camisinha durante as relações sexuais. 'Eu estou no segundo ano do ensino médio, não sou desinformado. O problema foi eu ter saído com alguém que não conhecia e não ter usado a camisinha', lamenta.

Convivendo com o vírus, o jovem teme que alguém da família ou que os amigos descubram que ele é soropositivo.

Tratamento muda a percepção sobre a doença

Na opinião de Jair Nunes, presidente da Organização Não Governamental Paravidda, que atua dando assistência às pessoas com Aids, uma das razões para o crescimento do vírus HIV no público jovem, independente de orientação sexual, é que depois de quase três décadas de registrado o primeiro caso no Brasil, em 1986, as pessoas estão entendendo a Aids como se fosse uma doença crônica, semelhante a Diabetes ou Hipertensão, por conta da sobrevida dos soropositvos, provocada pelo tratamento com os retrovirais. Ele, no entanto, enfatiza que é um engano pensar na Aids como uma doença crônica, pela dificuldade de conviver com ela.

Para Jair, o que falta é uma intensificação para alertar a população, sobretudo, os mais jovens em como se proteger da infecção do HIV. Mas, isso, ele entende que falta uma parceria envolvendo os poderes públicos federal, estadual e municipal e as ONGs, com o objetivo de chegar aos lugares onde está o público jovem, como escolas e igrejas.

'A prevenção da contaminação da Aids, que tem uma presença forte das ONGs, mas ela só tem como existir a partir de uma logística, para aquisição de material, como folders e outros que ajudam nessa ação', afirma Jair Nunes.

Ele alerta para o avanço da doença e sua causa: 'o vírus está circulando e não está sendo considerado por muitos com seriedade'.

Maioria das Adolescentes contraiu o HIV no início da vida sexual

A coordenadora estadual do Programa de DST/Aids da Sespa, Déborah Crespo, chama a atenção à estatística de 2011 para demonstrar o ritmo de contaminação por HIV no Pará. De janeiro a dezembro do ano passado, observa-se um crescimento contínuo da Aids em jovens do sexo feminino dos 13 aos 24 anos. 

Mas, foi no grupo dos 13 aos 19 anos que o percentual de infectadas superou o dos meninos. Enquanto entre as mulheres dessa faixa etária a contaminação do vírus foi de 3,9%, o índice verificado entre os meninos foi de 1,4%. A boa notícia é que ao se observar os jovens com idade de 20 a 24 anos, as mulheres apresentam um percentual menor (9.2%) em comparação com os homens (9.8%).

Embora se registre predominância de infecção do vírus em jovens do sexo masculino em relação ao feminino, a representante da Sespa frisa que as meninas de 13 aos 19 anos estão sendo contaminadas no início da vida sexual e por transarem com homens mais velhos.

A popularização do uso de pílulas contra a impotência, como o popular Viagra, entre os homens mais velhos, pode estar relacionada com o aumento de casos de Aids entre mulheres muito novas. Elas são as parceiras preferenciais do grupo, que não se acostumou ao uso do preservativo e, mesmo com parceiras fixas, busca mulheres fora do casamento.

Na Unidade de Referência Especializada em Doenças Infecto Parasitárias Especiais (Uridipe), na avenida Senador Lemos, Telégrafo, a diretora da Unidade Jane Durães informa que, desde janeiro do ano passado e até o dia 3 deste mês foram cadastrados 167 pessoas do sexo masculino e 104 do sexo feminino com idade entre 13 e 29 anos infectados com o vírus da Aids.

O maior número correspondeu ao grupo de jovens dos 24 aos 29 anos, com 120 homens e 60 mulheres infectadas. Apenas no período de vida que corresponde dos 13 aos 14 anos é se considera o número maior de meninas em relação aos meninos infectados.

Fonte: ORM/O Liberal

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